Freelancer não tem que ser precariado

As altas cargas tributárias, no Brasil, podem fazer com que os custos de contratação de um funcionário full-time sejam equivalentes ao salário oferecido ao profissional – o que custa, ao empregador, pelo menos duas vezes mais do que ele investiria se contratasse um freelancer.

Muitas empresas, hoje, contratam profissionais com CNPJ, por projeto, de acordo com a demanda e com o perfil do profissional. É uma relação boa pra quem contrata, e que pode ser boa para quem é contratado, se você souber gerenciar essa relação direito. Hoje, você, profissional contratado, tem a vantagem (que não tinha há dez anos) de não precisar de contador e não precisar abrir formalmente uma empresa: você pode ser MEI (Micro Empreendedor Individual). E, embora as categorias disponíveis pareçam operacionais demais, é possível, sim, ser MEI em trabalhos criativos ou de consultoria. Lembre-se que você pode adicionar até 15 categorias secundárias, e nelas pode estar o que você faz. Não, o SEBRAE não te informa direito que “promoção de vendas” não é apenas panfletagem, mas inclui também a criação da campanha (que você, publicitário, faz), e que a categoria “promoção de eventos” inclui toda a parte de PRODUÇÃO.  

(Isso é especialmente útil para você, jornalista que rodou no último passaralho da redação. Porque você pode ser editor de livros, revistas e de listas de dados não especificadas anteriormente; mas se olhar bem, pode até ser instrutor de cursos)

A vida de freelancer possibilita certas liberdades, como trabalhar de um café e fazer seus próprios horários. Sim. Mas se você não gerenciar BEM sua rotina e não souber cobrar suas horas de trabalho como você merece, periga ser tão ou mais escravo do que era no escritório. Porque no escritório, você batia ponto de 9h às 18h. Você não recebe férias nem 13º. Você não tem plano de saúde. Receber hora extra? Pffff. Previdência? É por SUA conta.

Amigo freela: você pertence ao que a jornalista, professora e secretária do Ministério da Cultura Ivana Bentes chama de PRECARIADO COGNITIVO.

E, amigo, se você for depender de achar um emprego formal que pague o aluguel do seu apartamento em Copacabana, você está simplesmente ferrado.

A relação de trabalho freelancer é FRÁGIL, e vai sempre pesar para o elo mais fraco da corrente: você, que precisa do trabalho.

Você precisa:

  1. Aprender a cobrar pelas suas horas.
  2. Proteger seus direitos e deixar muito claro quais são seus deveres com um contrato.

e a parte que parece mais complicada, mas não é:

3. Vender o seu trabalho de forma a gerar uma percepção de valor. Porque isso que você faz, todo mundo faz. Se você vier muito cheio de condições, seu contratante vai chamar aquele outro freela que cobra metade do que você cobra – porque quer ganhar experiência, porque precisa MUITO da grana e não sabe que também tem direitos (quando você encontrar esse cara, dê um pescotapa nele por mim, porque é ele que, aceitando condições precárias de trabalho, estabelece um padrão abaixo do decente pra você), ou simplesmente porque faz muito mais rápido e em menos horas do que você, e por isso mesmo cobra baratésimo por algo que você quebra a cabeça pra desenvolver.

O que não dá é pra continuar desvalorizando seu trabalho. Que são horas da sua vida.

Você já economiza uma grana de taxas. Você já não recebe um monte de direitos e benefícios. Se pra pagar suas contas e tirar um mês de férias você precisa trabalhar seu dia inteiro e virar noite e trabalhar seu fim de semana, pelo menos um plano de saúde esse seu contratante deveria dar.

Bora profissionalizar essa relação profissional aí. E bora ajudar a empoderar o coleguinha. 

Sabe esses três passos acima (aprender a cobrar pelas suas horas, proteger seus direitos e gerar uma percepção de valor para seu trabalho)? Clique aqui e assine a lista para receber algumas dicas no conforto da sua caixa de e-mails. Não esqueça de adicionar o endereço lounge42.com@gmail.com na sua lista de contatos.